Analise Crítica

 

Para quem não conhece o modo de escrita de Graciliano Ramos (como nós alunos), é estranho começar a ler um livro como São Bernardo.
Nos primeiros capitúlos, é bem clara a idéia de contar uma história, uma espécie de narração de uma vida, tudo em 1ª pessoa, como se Paulo Honório estivesse escrevendo o livro ao longo de sua vida. Cada fato é descrito com tantos detalhes, que você se sente na fazenda São Bernardo, ao lado de cada personagem.
Para os que não tem paciência com a cansativa leitura, o começo da história é desafiador, pois é meio ilógico e sem sentido, ao passo em que poucos livros são escritos desta forma, e os que assim são, ficam poucos conhecidos pela população em geral.
Nos 3 primeiros capitulos, é descrita a história de como Paulo Horório gostária de escrever o livro, pois para ele, seria-lhe incapaz de realizar tal ato. Decide então dividir os papéis, com 3 outros personagens, que logo são postos de lado, e a história começa a ser escrita em uma linguagem única: frases curtas, objetivas, quase brutas, despidas de metáforas e com escassa adjetivação. Nessa opção por um estilo despojado, revela-se - em Graciliano Ramos - a busca da simplicidade expressiva, marca registrada da geração modernista de 22 e que os romancistas de 30 vão levar adiante em suas obras. A narração só não se torna "chata", pois agarra o público leitor com histórias da realidade do povo, que se sobressaem sobre a simples estrutura textual.
O que mais chama a atenção é a ascenção do ex trabalhador braçal Paulo Honório, que passa de pobre, a um rico latifundiário do interior. Fato esse, que é bem comum até hoje.
Porém, Graciliano Ramos não procurava mostrar esse lado da história, e sim a desumanidade das pessoas, que para conseguirem o que querem fazem de tudo, matam, roubam, perdem os sentimentos humanos! O protagonista só volta a ser menos frio, quando ver sua amada se suicidar. Quando isso acontece, tudo parece parar no tempo, e ele ver que sua vida foi em vão.
Graciliano era sem dúvida um ser humano fora do comum, ele estava a frente dos outros que viviam na mesma epóca, via o que nem todos eram capazes de ver, e conseguia colocar tudo isso no papel de forma clara para todo os tipos de leitores.